25.9.11

interpretação a caminho

Várias atividades no ensaio de hoje, em horário um pouco mais tarde que o habitual e com ausência da contralto Camila:

-definição da data da banca;
-novos vocalizes no aquecimento;
-trabalho com a interpretação das peças já lidas.

A banca será (com 99% de confirmação) no dia 19 de novembro às 10h no auditório do departamento de música. Conversamos sobre os ensaios finais e vimos que não será possível (e nem necessário, na verdade), termos mais um ensaio no auditório. Até porque (preciso ainda confirmar isso) pretendo apresentar o aquecimento no palco, para cobrir a parte de "aula" pedida pelo regulamento do tcc (e já aproveitando para "aquecer" o coro no palco com o público na platéia). Tivemos mais uma alteração no calendário: o ensaio de 06 de novembro será no dia 05 (um sábado), às 15h30, no local de sempre.

Depois da conversa sobre as datas gerais, começamos o aquecimento com os exercícios de respiração e vocalizes. Hoje, após o exercício de ressonância, eu trouxe de volta um vocalize que tinha tentado fazer logo no início, com as vogais I E A O U em uma nota parada. Pedi para manterem a projeção do I nas demais vogais. O exercício hoje funcionou bem! No início, quando tentei executá-lo da primeira vez, os coralistas em geral não tinham "fôlego" para sustentar a frase até o final! Muito bom ver, nessas horas, o quanto progrediram! O vocalize com sttacato em intervalo de terças está saindo bem suave. No final, propus um vocalize em arpejo chegando até a oitava, bem ligado. Com este, deu para subir acima da extensão normal cumprida nos ensaios até agora (sopranos chegaram pela primeira vez a um Si natural). A execução foi mais complicada, o resultado não saiu tão bom como nos demais vocalizes e achei isso ótimo agora, para que nas próximas semanas (vou ver como conduzir o exercício com as oitavas) eles percebam o quanto podem crescer. (vou insistir na questão do apoio! Acho que dá para manter o exercício no aquecimento).

Finalmente, a proposta do ensaio de hoje foi repassar o repertório com foco na interpretação. Propus trabalharmos hoje as primeiras peças que lemos. Considerei que a Occhi e a Yesterday ainda precisam de um pouco de reforço na melodia de cada voz e na junção das vozes (falta muito pouco, mas ainda falta segurança. Isto se confirmou, de certa forma, no ensaio de hoje). 

Começamos pela Alleluia. Nesta peça, propus que déssemos atenção aos "arcos" das frases, procurando combinar arco da frase e acentuação da sílaba tônica de "alleluia", a única palavra do texto, e tirar o peso da sílaba final e do final dos arcos de frase. Cantei a peça uma vez indicando com as mãos os acentos e recuos. Eles ficaram surpresos com as possibilidades da música e na sequência cantaram a peça algumas vezes. De modo geral, a música surgiu e fluiu bem e conseguimos ter um bom resultado também no cânone. Com o "relaxamento" na hora de cantar as frases, a afinação geral tinha caído meio tom ao final da música. Isto se repetiu em quase todas as músicas que fizemos hoje focando a interpretação! Mas foi fundamental termos dado o passo de cantar a música desse jeito "mais musical". O tenor Yutaka chegou a comentar que sentiu que tínhamos alcançado alguma "profundidade" no canto (fazendo um gesto para frente e para trás com as mãos) e que até agora estávamos num âmbito que ele indicou com as mãos por um gesto para cima e para baixo. Achei o comentário preciso, pois foi justamente isso o que aconteceu (e escrevi sobre isso esta semana no texto que comecei a preparar para a monografia do tcc). Trata-se do seguinte: até agora, trabalhamos prioritariamente a afinação, ou o eixo "vertical" (das alturas) apontado pelo Yutaka. Agora começamos a objetivamente trabalhar a música de um jeito mais tridimensional.

Na sequência, passamos a Cantem señores cantores. Propus ao grupo masculino (que faz a segunda voz) articular o texto ("don don don don...") imaginando um violão que tem as cordas pinçadas, valorizando o ataque do "d" e a ressonância do "n" e com energia. Às mulheres (e soprano Lucas), propus manter a leveza e atentar para a pronúncia aberta do idioma espanhol e, principalmente, às sílabas tônicas de cada palavra (o que vai nos ajudar a construir as frases). Foi um pouco difícil executar tudo isso ao mesmo tempo. Na execução com as vozes agudas, a afinação conseguiu ser mantida até o final.

Na Kysha po po, propus a articulação bem sttacato do "po" e bem marcada em todo o texto, tantando buscar a imagem do trem maria fumaça de que fala o texto. O tenor Yutaka (tradutor intérprete de japonês), disse que o "po" poderia fazer alusão à fumaça e ser meio "soprado". Achei bom, desde que a vogal não desapareça. Pedi para os outros naipes reduzirem a dinâmica na entrada da melodia de soprano, valorizando a primeira frase. Na segunda frase, sopranos já podem se integrar às engrenagens do trem. Pedi para acentuarem os "tês" das palavras "toneru" e "tekyo" ("túnel" e "ponte") e propus um crescendo no final do texto, antes do retorno. A resposta do coro foi excelente!  Tive que cortar a primeira entrada para encontrar o andamento (estava um pouco lento, com os coralistas ainda "processando" o monte de informações propostas de uma vez), mas com a afinação já bem consolidada (e mantida até o final!), hoje a música cresceu muito! Vou pensar durante a semana em como podemos melhorar a partir daqui. Sempre há o que trabalhar!

Para o Vira virou, propus acelerarmos radicalmente o andamento! Cortei também a primeira execução logo após a introdução. Percebi que o coro não estava acreditando que era assim rápido mesmo. Quando conseguimos executar tudo no andamento proposto, a música fluiu melhor. No próximo ensaio, vamos tentar deixar a execução toda mais leve, todas as articulações e continuar regulando a prosódia (hoje também continuamos o trabalho começado no ensaio passado, de acentuar as sílabas tônicas tirando o acento dos finais de frase). Conversamos também sobre reduzir a dinâmica das demais vozes (principalmente dos baixos) para valorizar o soprano.

Passamos uma vez a Occhi. Saiu bastante boa, a afinação. Sopranos ainda não estão firmes no ritmo quando há contraponto com as outras vozes (são três trechos, em especial), mas resolvendo isto a partir do próximo ensaio, podemos começar o trabalho de interpretação também com esta música.

Yesterday ainda não está tão firme, mas hoje conseguimos avançar um pouco mais nas vozes todas juntas (Heitor ainda não deu uma resposta sobre o acompanhamento ao violão).

Não propus nada verbalmente para o Shalom, mas tentei reger os arcos de frase e preciso pensar em como será o corte do cânone.

Terminei o ensaio bastante satisfeita de perceber ao mesmo tempo o quanto todos progrediram desde o começo (inclusive eu) e o quanto ainda podemos melhorar!

Semana que vem receberemos a visita do tenor Rogério Urquizas, que deverá me auxiliar na leitura do Villa Lobos (peça do guia prático que vou escolher durante a semana) e fazer uma demostração do que um tenor é capaz de fazer...

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